– O que eu fiz! Sussurrou. Fechou a porta do apartamento, sentou no chão do lado de fora do mesmo. – O que eu fiz! Estraguei tudo. Começou a chorar.
Deitou no chão, não ligava para quem passasse por ali e visse um homenzarrão de 1,89 metros chorando como uma criança de cinco anos. O coração doía tanto que não conseguia nem pensar, seus olhos se apertavam com força e a respiração estava difícil. Arrumou forças do seu coração e levantou-se. Dirigiu-se até o apartamento de Louise. Pegou a cópia da chave que tinha em seu bolso e abriu a porta, devagar.
Ela não estava na sala, e nem na cozinha. Ele foi até os quartos, os banheiros, a lavanderia, e não a encontrara. Viu uma sombra na cortina, que vinha da sacada. Foi até lá.
– Batendo fora do meu peito, meu coração está se segurando em você. Daquele momento eu soube, daquele momento eu soube. Ele disse, abrindo a cortina. Você era o ar em minha respiração, enchendo meus pulmões encharcados de amor. Uma confusão tão bonita, entrelaçada e ultrapassada. Nada melhor que isso; e a tempestade pode vir. Você é exatamente como o sol... exatamente como o sol! Continuou, sem se mover.
– And if you say be alright I'm gonna trust you, babe, I'm gonna look in your eyes. And if you say be alright I'll follow you into the light [E se você diz estar bem, eu vou confiar em você, babe, vou olhar em seus olhos. E se você diz estar bem, eu vou te seguir pela luz]. Louise cantarolou baixinho o resto da musica que Spencer havia recitado.
Ela estava com os braços apoiados no ferro da sacada, com os olhos vermelhos e o rosto suado. Ele foi até o lado dela, passou o braço sobre sua cintura e colocou sua mão no ferro também.
– Eu não sei viver sem você. Me perdoa? Ele sussurrou, e começou a chorar silenciosamente.
Ela levantou a cabeça, olhou para o céu e a abaixou novamente. Deu um soluço, se aproximou dele e pôs a cabeça sobre o seu ombro. Ele deitou a cabeça sobre a dela; enquanto ela entrelaçava os braços na cintura dele.
– Você me ama porque sou frágil enquanto eu pensava que era forte. Mas você me toca por um pequeno momento e toda essa minha frágil força se vai.
Procurou os olhos dele como uma andorinha procurando sua direção de refúgio.
– Perdoa? Ele disse e uma lágrima dolorosa extrapolou de seu olho.
Ela balançou a cabeça que sim, refugiou novamente sua cabeça nos ombros dele. E o sol estava se despedindo deles com um sorriso em toda sua face iluminada, com o céu alaranjado como fogo e a lua recepcionando o casal tão apaixonado.
[C. C. 7 – The Light]
A série de contos “Coração Caleidoscópio” foi inspirada no CD da cantora, compositora e pianista estadunidense Sara Bareilles. Constituído de treze contos que representam as treze faixas do álbum; quis passar um pouco das sensações que obtive com as músicas de Bareilles nas palavras, e nos sentimentos dos dois protagonistas da história: Louise e Spencer.
Os dois universitários se conhecem em um momento deprimente de suas vidas; os dois estão totalmente desiludidos amorosamente; e como sempre, o amor prega uma peça nos dois, fazendo com que o acaso plante uma semente dentro de seus corações. Rapidamente os jovens iniciam uma história marcante, com alguns desentendimentos, mas com grandes aprendizados e momentos bonitos.
A história conta com outros personagens que contribuem para as ideias, sentimentos e ações de Ís e Spen.
Coração Caleidoscópio é uma história recheada de conotações e romantismo, mas com uma dose cotidiana do velho e maroto amor.