sábado, 19 de novembro de 2011

C. C. 8 - Basket Case


Coração Caleidoscópio 8
Basket Case

Pegue um papel, uma folha em branco. Amasse-a com toda a força que tiver, até não conseguir mais. Depois tente desamassá-la. Repare: ela nunca ficará – por mais que tente – igual antes. É o que acontece quando alguém que temos imenso apreço nos machuca, nos fala coisas que corta o coração tão profundamente que não há muito que fazer para concertar.
Assim estava Louise. Não conseguia mais olhar para Spen com os mesmos olhos, amá-lo com o mesmo fervor. Depois de tudo o que ele disse, estava difícil voltar ao normal, ou até mesmo fingir que nada havia acontecido.
Sábado á noite. Não iriam sair, tinham combinado de passar a noite na casa de Ís. Estavam sentados no sofá, um abraçado ao outro.
– Não sei o que está acontecendo, mas desde aquele dia em que brigamos as coisas não estão boas. Spencer sussurrou.
– Acho que você exagerou, e eu ainda não consegui me cicatrizar. Ela disse, com a cabeça baixa.
– Eu entendo. Ele sentiu uma pontada no peito. Eu não tenho muito que dizer Ís, sei mesmo que exagerei e que fui totalmente errado. Mas não sei o que fazer, dizer, para que voltemos a ser como era antes.
– Não precisa falar nem fazer nada, Bovary. Acho que preciso de um tempo para pensar se é o certo mesmo a gente ficar junto. Ela fechou os olhos, com medo da resposta.
Spencer ficou calado. Não conseguia antes e muito menos agora falar alguma coisa. Um tremor correu por todo o corpo dele. Queria – acima de tudo – vê-la feliz, mesmo que não ao seu lado. Respirou fundo.
– Eu não gostaria, sinceramente, de te ver longe de mim. Mas se for para sua felicidade, para o seu bem... Não vou te impedir. Ele falou, com o olhar fixado na parede.
– Me promete uma coisa? Ela levantou, sentou no colo dele e ficaram frente a frente.
– Depende! Ele olhou nos olhos dela. Os seus se encheram de lágrimas.
– Nada... Ela o abraçou. Fechou os olhos e viu que talvez não era o certo fazer isso.
– Me diz, eu prometo. Ele disse com o coração encharcado de dor, porque sabia que não era nada bom o que ela iria pedir.
– Não me deixe vai... Eu só estou um pouco estranha porque não conhecia esse seu lado, mas isso vai passar. Não resisto ao seu olhar Spencer, não consigo sem você. Ela sussurrou e o abraçou mais forte.
– Não vou te deixar enquanto você me deixar ficar junto de você. Ele disse. Levantou a cabeça dela, beijou-a de leve. Ela puxou seu lábio inferior.
Ele fechou os lábios e durante o beijo que se iniciava fez uma reflexão com seu interior. Lembrou de Mark com Mônica, e concluiu que talvez estivesse na hora dos dois também. Deitou-a no sofá, começou a beijar o seu pescoço.
– SPENCER! Ela gritou. Ele se assustou e levantou.
– O que foi?
– Não tente nada... Não quero isso agora. Aliás, não posso.
– Por que?
– Porque sim... Entende?
– Ah... Ele sorriu. Desculpa...
Ela riu. Ajoelhou, deitou-o no sofá e deitou em seu peito.
– Não sei por que isso passou na sua cabeça.
– Lembrei de Mark...
– Bobo! Já disse que não tenho pressa nenhuma.
Ela fechou os olhos.
– Eu...
– Você o que? Ele respondeu, mexendo nas mechas do cabelo dela. Ela engoliu seco, pensou um pouco.
– Eu não consigo mais.
Ele já entendeu o que ela queria dizer. Balançou a cabeça.
– Eu vou te deixar sozinha, assim você consegue pensar melhor, Ís.
– Você me prometeu que não iria me deixar! Ela deu um sorriso lascivo.
– Enquanto você me deixasse ficar junto de ti. Mas agora, eu sinto... Eu sinto que tenho que te deixar, Ís.
– Não... Ela o apertou, como se estivesse caindo e só ele a seguraria.
– É sério. Tenho que ir. Ele foi se levantando, deixando ela no sofá com expressão de quem não sabia o que estava acontecendo.
– Passe a noite aqui. Ela falou, com um sorriso melancólico.
– Não... Prefiro te deixar sozinha, aliás, só você com seus pensamentos.
Bovary voltou-se a ela, deu um beijo em sua testa. Ela segurou a cabeça dele.
– Ajoelhe-se, por favor. Ele obedeceu. Não me deixe aqui, Spen, por favor! Sei que não estou muito bem, mas não vou ficar melhor sem você! Ela não sabia mais se chorava, ou se mantinha a aparência de quem era forte.
Ele acariciou o rosto dela, balançou a cabeça negativamente.
– Minha Madame, eu te amo! Eu sou apenas um cesto vazio sem você. Uma lágrima escorregou dos olhos dele.
– E isso é o que a gente faz. Sussurrou em resposta e beijou os olhos dele. Pressionou a cabeça dele sobre seu peito, abraçando-o fortemente. Não conteve suas lágrimas.
Não afirmo que choravam. O amor que tinham apenas estava se expressando em forma de lágrimas. Ela não queria deixá-lo, mas não queria mantê-lo por perto sem sentir o que sentia antes. E ele apenas queria aceitar isso, mas não conseguia. Isso é o amor e suas tantas mil facetas.
The cold hard truth that you'll see right to… I'm just basket case without you [A fria dura verdade é que você irá ver direto que... Sou apenas um cesto vazio sem você]. Ela cantarolou, e ele a acompanhou na segunda parte do verso.
Ele levantou. Estendeu a mão para ela.
– Vem comigo.
Ela abriu um sorriso lindo, em meio a lágrimas, porém lindo. Levantou-a e seguiram caminho até o quarto de Louise.
Ele abriu a porta, sorrateiramente; fechou-a e passou a chave. Ela se manteve parada em frente a ele, como se estivesse esperando o próximo comando do que fazer. Ele pegou em sua mão novamente, levou-a em frente à cama.
Deitou-se primeiro, deu duas palmadas no lugar vazio ao seu lado. Ela sorriu novamente e se deitou ao lado dele. Abraçaram-se.
– Eu te amo. Ela sussurrou no pé do ouvido dele. Sem querer, ele se arrepiou inteiro.
Ele a virou. Ficou em cima dela. Olhou nos seus olhos e toda sua face – incluindo completamente seu olhar e seu sorriso – assinou um contrato com a expressão maliciosa.
– Você não tem noção de quanto eu te amo. Respondeu.
Mordeu o lábio inferior. Continuou:
– Você vai ser só minha essa noite. Começou a beijá-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário